terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Chico

"Eu tenho tesão é no mar."

Eu também, Chico, eu também.

sábado, 21 de janeiro de 2012

A vida tem seus mistérios

Quando comprei "Cem sonetos de amor", do Neruda, em 2001, achei uma preguiça. Não me culpo, acho que não é mesmo um livro para jovens, ainda que apaixonados. Mas não me arrependi; quase nunca me arrependo de comprar um livro. Acho que cedo ou tarde a hora dele chega e aí ele já está ali na estante me esperando, quiçá até meio aconchegantemente amarelado.

Pois bem. Onze anos e três visitas seguidas a Valparaíso depois, os sonetos me são uma leitura deliciosa. É claro que as primaveras devem ter feito comigo também o que fazem com as cerejas, mas, nesse caso, o contexto é fundamental. Me apaixonei pelo Chile e, ainda mais perdidamente, por esta cidade nada óbvia (nesse sentido, é parecido com amar São Paulo). É claro que tem o mar, os pássaros; tem o colorido das casas, dos grafites e das pequenas flores; tem a comida do mar, os vinhos e o pisco sauer; as manhãs sempre enevoadas e o friozinho que chega à noite mesmo que o sol aparecça, tem os chás; o Congresso, a atmosfera de rebeldia, as muitas universidades. Mas tem ainda algo de intangível, que não alcança a todos. E é aí que eu me sinto totalmente cúmplice do Neruda. Um certo drama, talvez?




E sigo então saboreando os sonetos:

"Hoje é hoje com o peso de todo o tempo ido,
com as asas de tudo o que será amanhã,
hoje é o Sul do mar, a velha idade da água
e a composição de um novo dia."

Até o fim. Quando encontro então algo escrito a mão pela minha Mãe, que era puro mistério e que partiu desta pra uma melhor (espero!) há exatos 6 anos e 2 dias. Algo escrito pelo Neruda e reproduzido por ela para que, num dia como hoje, com o peso de todo o tempo ido e com as asas de tudo o que será amanhã, eu encontrasse e me espantasse:

"Já cansei de andar buscando em vão
Não encontro meus olhos, meus pés, minhas mãos,
a casa onde devo cantar minha canção"

domingo, 4 de dezembro de 2011

A primeira de uma série

Sempre colecionei trechos de música. Frases que considero incríveis dentro de uma letra. Tanto as boas quanto as de dar vergonha alheia.

Começo então com a fantástica:

"Porque dor de cotovelo não é sensual. E eu sou sensual".

Júpiter Maçã

sábado, 26 de novembro de 2011

Penélope

Eu, de novo.
Voltei. Não só aqui, mas a mim.
E me sinto tão bem em mim...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

colorido

Bem mais alegrinho assim. E um tanto psicodélico também. Gosto.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

tchau, inferno astral

Pronto, pronto... passou!

Foram alguns dias de tensão no maxilar, outros tantos de muita dor de dente e leseira by Tylex. Como saldo, um dente lascado.

Mas desde o dia 7 que já venho sentindo um acréscimo de estima tão grande pelas pessoas...

segunda-feira, 8 de março de 2010

alexandre pires, maiakovski e eu

Andei triste ultimamente. Até falhei na “postagem mensal” de fevereiro. Vários motivos me levaram a ficar triste, vou falar mais sobre isso depois. Ou não.

Melhor: vou falar mais sobre isso agora. Tudo começou quando fui assaltada pela terceira vez em menos de um ano. É foda, muito foda. Ainda mais foda dessa vez, que levaram nossa mala, cheia de coisas que tinham muito sentido pra gente e não devem ter nenhum valor pro filhodaputa que levou. Ok, não fomos vítimas de violência física, tem muita coisa pior no mundo, eu sei, mas dá uma sensação muito ruim. Porque não é justo, porque te tira a liberdade, porque dá vontade de apagar a luz e sair... Porque violência existe no mundo inteiro, mas aqui no Brasil e lá no Oriente Médio é demais, né? Aí essa espécie de desilusão me contagiou e fiquei conseguindo ver só o lado ruim das coisas, o que é muito incomum pra mim, Pollyanna que sou. O lado ruim do trabalho, o lado ruim do casamento, o lado ruim de se viver em Belo Horizonte. Sem ânimo pra continuar andando a pé e de ônibus. Querendo mais comprar um carro novo, com ar condicionado-insulfilm-travas elétricas do que o apartamento que procurávamos. O que não é muito condizente comigo mesma, sabe? E isso, de não se poder ser quem se é, é uma verdadeira prisão. Uma bosta.

Mas agora já faz mais de um mês e tudo e é tempo demais pra me entristecer por causa de um filhodaputa qualquer. Então, agora que estou alegrinha (boba alegre?) de novo já consigo tirar a maior lição que a fase ruim me deixou:

EU TRISTE, SOU ALCOÓLATRA.

Sério, quando estou triste tenho ainda mais vontade de beber. No maior estilo “aí eu me afogo num copo de cerveja” (classicamente cantada pelo Só pra Contrariar, apesar de ter sido composta por José Fernando, segundo minhas pesquisas na internê). Ou “Melhor morrer de vodka que de tédio.” (Maiakowski, classicamente lembrado recentemente por Pedro Bial no BBB 10, isso sim é cultura). Mas no meu caso, mais phina, tomo vinho. Baldes. Puro glamour.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

cotidiano 2010

Desde a última vez que escrevi, quis muito escrever sobre várias coisas: Maria Bethânia, minha árvore de natal, árvores em geral, minha madrasta, a velocidade do tempo. Mas tem algumas coisas que eu simplesmente não consigo colocar em prática; sou tomada por uma estranha inércia. Na pauta pro ano novo, o item 01 é trabalhar com isso.

Enfim, começo o ano então descrevendo mais uma coisinha banal dessas que me divertem.

Ontem decidi comprar óculos novos, já que os meus, que eram da avó do Dudu (?!) já estavam um pouco riscadinhos. (Depois da última viagem de carro, troquei até os limpadores de parabrisa, crente que eles não estavam limpando bem o vidro.) Entrei na loja e fui direto a um par. O vendedor, que era ótimo (raridade absoluta), olhou e rapidamente mandou a seguinte: é, esse faz o estilo mulher-francesa-que-anda-de-moto. Bingo! Adogay! Definiu em uma frase o estilo que venho perseguindo já há tempos. Comprei na hora.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

cotidiano

Hoje tirei o salto alto com um toque de ira e coloquei prazeres.
Adoro nomes de esmaltes!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

João Ubaldo

E por falar em mau humor...

Continuo a gostar da humanidade coletivamente, mas, individualmente, cada vez menos.

Adoro!

P.S. Inspirado em http://bjomeliga.wordpress.com/2009/11/16/oi-nao-to-podendo/. Blog que não dá preguiça. Bjo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Mau humor deixa as pessoas mais inteligentes

O mau humor pode deixar a inteligência mais afiada. Pelo menos é o que sugere um estudo recente publicado na revista científica Australasian Science. Segundo o pesquisador responsável pelo estudo, o professor Joseph Forgas, a tristeza e o mau humor podem melhorar a capacidade de julgar diferentes fatos e também beneficiam a memória.

O estudo foi baseado em testes que manipulavam o encorajamento dos participantes, usando filmes e lembranças, tanto as positivas quanto as negativas. De acordo com o cientista, o estado de ânimo positivo beneficia a criatividade, a flexibilidade e o senso de cooperação. Já o mau humor deixa a pessoa mais focada e atenciosa, além de facilitar o pensamento prudente, aumentando o processamento de informação no cérebro e também a capacidade de argumentação.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

sonho de consumo


Há metafísica bastante em não pensar em nada.

Fernando Pessoa, mais uma vez

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

missa

Ontem fui à Cachoeira do Índio, em Rio Acima. Cada dia que faço isso vejo como tenho mesmo de fazer isso (Oxóssi que o diga). Funciona como uma espécie de fonte de energia (limpa e renovável, ¿como no?). Como se fosse uma missa, pra quem mexe com missa. Eu mexo com árvores.

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e o sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si-próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda hora.


Alberto Caeiro, em "O guardador de rebanhos".

voa passarinho voa ou visita ao castelo dos símbolos

Pronto. Agora vai. Quer dizer, é sempre muito difícil pra mim dizer isso porque me dá medo de me propor a realizar toda e qualquer atividade que vá me fazer passar ainda mais tempo que aquele um terço do dia que eu passo obrigatoriamente em frente ao computador por ossos do ofício.

Mas acho que agora vai. Eu estava com um problema conceitual, sabe? Sem me tocar que esse problema já tinha sido resolvido desde que resolvi o nome do blog e escrevi a primeira escrita (a palavra postagem não é meio feia?). Eu tava era com um certo pudor; uma mistura do receio de me expor somado ao receio de expor as pessoas a mim. Uma coisa assim meio que de respeito a quem lê - será que estou me fazendo entender?

Vou tentar de outro modo: o primeiro nome que pensei para este blog foi “quem perguntou?”. Só que já tinha um – aliás, o blog não tem muito a ver com o nome, mas enfim... Depois, várias vezes ensaiei escrever sobre isso. Porque era uma coisa que não saía da minha cabeça: quem quer ler o que eu escrevo? A resposta também veio rápida: quem quiser, porque o blog é público, mas não é obrigatório. Os textos não invadirão as caixas postais das pessoas, sejam elas (as caixas postais, não as pessoas) eletrônicas ou físicas. Entra quem quer e lê quem quer. E eu estou escrevendo isso agora não é pra quem está lendo, porque todo mundo que está lendo deve estar careca de saber que esta é uma atitude voluntária. Eu estou escrevendo isso pra mim mesma, como que para me convencer de que é isso mesmo, que eu não estou sendo invasiva. (Acho que essa coisa de não querer incomodar é uma herança familiar múltipla. Tio Luís é o rei. Meu Pai e Tio Sé os príncipes – mas com a idade ainda chegarão lá. Isso se não forem ultrapassados pelo Gui no meio do caminho, que juntou sua velha “síndrome de inadequação social” com uma carreira bem sucedida e está virando um dos maiores gentlemen do Brasil. Tem ainda uma pitada do genial Manoel de Barros que fala que escrever qualquer coisa com mais de 30 páginas é um desrespeito ao leitor. Ou algo assim.)

Então tá decidido. Vou escrever mesmo o que eu quiser e quem quiser vai ler ou ninguém vai ler. Eu podia escrever num caderno e guardar pra mim, mas escrevendo aqui posso me comunicar com as pessoas que não leriam meu caderno e que talvez queiram notícias e... Ai, vou parar de me justificar agora. Vou escrever no blog e pronto. Vou colocar umas fotos também, assim que eu aprender como faz isso. E também vou tirar esse preto do fundo e colocar uns passarinhos, que eu estou com mania de passarinhos.

P.S. Postagem iniciada no dia 07 de outubro. Desde então tava me esperando...

brainlesstorm

volto pós férias em setembro viagem boa muito passarinho novas ideias velhas muito que escrever e viver e mudar sempre borboleta

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Oração ao Tempo

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Vou te fazer um pedido
Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Entro num acordo contigo
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
És um dos deuses mais lindos
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Ouve bem o que eu te digo
Tempo tempo tempo tempo
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Quando o tempo for propício
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definitivo
E eu espalhe benefícios
O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Apenas contigo e comigo
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Não serei nem terás sido
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Num outro nível de vínculo
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Nas rimas do meu estilo

Caetano Veloso

segunda-feira, 13 de julho de 2009

felicidade clandestina

Não mais espero, eis o segredo.

clarice

Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda.

E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. (...) É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

vinicius

Haja o que houver, há sempre um homem, para uma mulher e há de sempre haver para esquecer, um falso amor e uma vontade de morrer. Seja como for há de vencer o grande amor, que há de ser no coração, como perdão pra quem chorou.

sexta-feira, 19 de junho de 2009