quinta-feira, 29 de outubro de 2009

sonho de consumo


Há metafísica bastante em não pensar em nada.

Fernando Pessoa, mais uma vez

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

missa

Ontem fui à Cachoeira do Índio, em Rio Acima. Cada dia que faço isso vejo como tenho mesmo de fazer isso (Oxóssi que o diga). Funciona como uma espécie de fonte de energia (limpa e renovável, ¿como no?). Como se fosse uma missa, pra quem mexe com missa. Eu mexo com árvores.

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e o sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si-próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda hora.


Alberto Caeiro, em "O guardador de rebanhos".

voa passarinho voa ou visita ao castelo dos símbolos

Pronto. Agora vai. Quer dizer, é sempre muito difícil pra mim dizer isso porque me dá medo de me propor a realizar toda e qualquer atividade que vá me fazer passar ainda mais tempo que aquele um terço do dia que eu passo obrigatoriamente em frente ao computador por ossos do ofício.

Mas acho que agora vai. Eu estava com um problema conceitual, sabe? Sem me tocar que esse problema já tinha sido resolvido desde que resolvi o nome do blog e escrevi a primeira escrita (a palavra postagem não é meio feia?). Eu tava era com um certo pudor; uma mistura do receio de me expor somado ao receio de expor as pessoas a mim. Uma coisa assim meio que de respeito a quem lê - será que estou me fazendo entender?

Vou tentar de outro modo: o primeiro nome que pensei para este blog foi “quem perguntou?”. Só que já tinha um – aliás, o blog não tem muito a ver com o nome, mas enfim... Depois, várias vezes ensaiei escrever sobre isso. Porque era uma coisa que não saía da minha cabeça: quem quer ler o que eu escrevo? A resposta também veio rápida: quem quiser, porque o blog é público, mas não é obrigatório. Os textos não invadirão as caixas postais das pessoas, sejam elas (as caixas postais, não as pessoas) eletrônicas ou físicas. Entra quem quer e lê quem quer. E eu estou escrevendo isso agora não é pra quem está lendo, porque todo mundo que está lendo deve estar careca de saber que esta é uma atitude voluntária. Eu estou escrevendo isso pra mim mesma, como que para me convencer de que é isso mesmo, que eu não estou sendo invasiva. (Acho que essa coisa de não querer incomodar é uma herança familiar múltipla. Tio Luís é o rei. Meu Pai e Tio Sé os príncipes – mas com a idade ainda chegarão lá. Isso se não forem ultrapassados pelo Gui no meio do caminho, que juntou sua velha “síndrome de inadequação social” com uma carreira bem sucedida e está virando um dos maiores gentlemen do Brasil. Tem ainda uma pitada do genial Manoel de Barros que fala que escrever qualquer coisa com mais de 30 páginas é um desrespeito ao leitor. Ou algo assim.)

Então tá decidido. Vou escrever mesmo o que eu quiser e quem quiser vai ler ou ninguém vai ler. Eu podia escrever num caderno e guardar pra mim, mas escrevendo aqui posso me comunicar com as pessoas que não leriam meu caderno e que talvez queiram notícias e... Ai, vou parar de me justificar agora. Vou escrever no blog e pronto. Vou colocar umas fotos também, assim que eu aprender como faz isso. E também vou tirar esse preto do fundo e colocar uns passarinhos, que eu estou com mania de passarinhos.

P.S. Postagem iniciada no dia 07 de outubro. Desde então tava me esperando...

brainlesstorm

volto pós férias em setembro viagem boa muito passarinho novas ideias velhas muito que escrever e viver e mudar sempre borboleta